Localização: Parque Natural do Vale do Guadiana
Árvores Plantadas: 350
No dia 19 de Abril a equipa do Plantar o Natal contribuiu para a regeneração ecologica do Parque Natural
do Vale do Guadiana. Esta actividade consistiu numa formação de terreno dada pelo biólogo Jose Mateus, na qual se explorou métodos de regeneração biológica do terreno dentro da perspectiva holística da permacultura, nomeadamente a utilização da técnica do ‘ninho” na plantação de arvores. Foram plantadas um total de 102 ninhos, contendo cada ninho cerca de 4 árvores.
Objectivo
O Parque Natural do Vale do Guadiana abrange os concelhos de Mértola e Serpa, localizados no distrito de Beja, abrangendo a zona ribeirinha do rio Guadiana, bem como a
Vila de Mértola. Criado para proteger parte do troço do rio Guadiana e da planície circundante, é uma das zonas mais secas do País. Desta forma, a paisagem (assim como grande parte do Alentejo) tem o grande desafio de lidar com a desertificação, resultante de secas e de temperaturas extremas, assim como práticas agrícolas nocivas para os solos, como é o caso das lavouras profundas.
Assim, para regenerar uma região, e antes de começar qualquer plantação, é preciso regenerar o ambiente envolvente para potenciar todas as condições para que a vida natural possa resistir às adversidades do clima. Esta atividade tinha a seguinte proposta para o enriquecimento do ambient envolvente.
Criação de habitats para animais de pequeno porte (por
exemplo: leporídeos, roedores e répteis)
> Promoção da biodiversidade vegetal e animal
> Formação de solo
> Potenciar a regulação do ciclo de nutrientes
> Conservação de espécies nativas
> Sequestro de CO2
> Plantação de 100 “ninhos” com árvores de espécies com
potencial de sobrevivência a paisagem alentejana
O método
Sobre a orientação do José Mateus, todo o processo regenerativo seguiu uma metodologia minuciosa de aproveitamento das matérias orgânicas do terreno, e da plantação inteligente da vegetação usando a técnica do ‘ninho”. Esta é uma técnica que consiste na plantação de pequenas árvores dentro de uma estrutura de palha (ninho) a qual é adicionada vegetação local ainda “verde” de forma a conservar melhor a humidade e a potenciar as condições ideas a nível de temperatura e equilíbrio gasoso (CO2 e Azoto) proveniente de toda esta matéria que constitui o “ninho”. Por fim, introduz-se dentro do ninho estacas e sementes, que vão dar mais nutrientes à terra. A localização dos ninhos é escolhida de acordo com a disposição da vegetação local, por forma a utilizá-la como resguardo do vento e do meio-dia solar – a estas plantas dá-se o nome de plantas “Criadoras”.
Descrição dos passos
Toda esta atividade envolveu uma sequência de taretas
bastante variadas – desde a obtenção da matéria prima, até
à construção dos ninhos e, finalmente, à consolidação da
variedade vegetal.
- Transportar o estrume, palha, plantas e todo o material para o local
da plantação. - Podar a vegetação local, para depois envolver nos ninhos
- Escolher o local dos ninhos, usando a disposição da vegetação
local (plantas cuidadoras) - Cavar buracos de 20cm, de forma a conseguir uma forma côncava.
- Colocar as plantas (uma Produtora + duas ou três Protectoras) e tapar com terra misturada com estrume na superfície.
- Criar uma estrutura de ninho usando a palha, tapando o estrume e em redor, em forma de ninho.
- Colocar a matéria verde por cima da palha.
- Aconchegar bem o ninho.
- Consolidar a diversidade plantada com estacas e sementes.
- Regar.
Dentro de cada ninho plantámos cerca de 4 árvores pequenas. Estas árvores têm funções diferentes. As Produtoras são aquelas que queremos que cresçam e produzam frutos que alimentem a biodiversidade envolvente. Por outro lado, as plantas Protetoras vão crescer junto das primeiras, protegendo-as do vento e do sol, e ajudando a manter a humidade e a diversidade nutritiva do núcleo do ninho.
A estas 4 plantas plantadas, adicionámos no fim estacas e sementes que irão crescer no ecossistema do ninho, contribuindo para um enriquecimento da Flora, e atraindo uma maior variedade de espécies animais.
Plantas Utilizadas
Criadoras (no terreno)
- Cistus ladanifer (Esteva)
- Quercus l e x (Azinheira)
- Lavandula Stoechas (Rosmaninho) Lavandula Viridis (Rosmaninho branco)
Produtoras
- Ouercus Ilex (Azinheira) Aurbutus Unedo (Medronheiro)
Protectoras
- Pistacia sp (Aroeira)
- CyEsus proliferus (Tagasaste) Mvrtus communis (Murta)
- Phillyrea angusEfolia (Aderno-de-folhas-estreitas)
Sementes
- Vicia faba (Fava)
- Lupinus luteus (Tremoço)
- Pinus pinea (Pinheiro Manso)
- Cynara cardunculus (Cardo-do-coalho)
- TriEcum aesEvum (Trigo)
Estacas
- Lampranthus
Próximos Passos
Grande parte do desafio na regeneração ecológica está na manutenção das plantações. O sol e o vento, os animais locais e a presença humana, muitas vezes podem perturbar o normal crescimento das plantas – pelo que uma presença activa é precisa para corrigir quaisquer insuficiências durante o crescimento destas plantas, principalmente enquanto são muito jovens. Esta manutenção estará a cargo da Bárbara Rocheta, a impulsionadora e reponsável deste projecto de regeneração na Herdade da Sobreira. As actividades de manutenção incluem rega, restauro dos ninhos e poda de ramos jovens.
Agradecimentos
Queriamos agradecer à Barbara Rocheta, pois foi quem dinamizou todo o evento, e proporcionou a infrasestrutura para que fosse possível – e também pelo trabalho persistent que tem vindo a desenvolver na regeneração ecológica do parque. Um agradecimento especial também a José Mateus, pelo seu infindável conhecimento na área, e pela sua capacidade pedagógica de transmitir estas técnicas essenciais à transformação dos espaços naturais. Infelizmente, devido à pandemia não podemos abrir a plantação a todos os que contribuíram para a nossa iniciativa. Apenas marcaram presença parte da nossa equipa e pessoas locais que trabalham na esfera do Parque Natural do Vale do Guadiana. E por fim um agradecimento a todas os projectos que estiveram representados neste dia: ADPM, LIFE Desert Adapt
Muito Obrigado a todos os que contribuíram para esta iniciativa!